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Egito importa derivados de frango do Brasil

País árabe liberou importação de produtos de aves como carne enlatada, nuggets, salsichas e mortadelas de frango do Brasil. Egípcios buscam proteínas alternativas à carne bovina, que está com preços altos.

Os preços altos da carne bovina no mercado internacional impulsionaram a busca por proteínas mais baratas no Egito, ajudando o Brasil a abrir mercado para novos produtos de frango no país árabe. O Egito liberou há cerca de uma semana as importações de produtos feitos com carnes de aves do Brasil, o que engloba derivados como nuggets, carne de frango enlatada, salsichas e mortadelas, entre outros. Também foi permitida a compra do blanquet, feito a partir da carne de peru.

“Com a demanda alta da China por carne bovina, o preço subiu bastante, 19,2% de janeiro a maio deste ano sobre o mesmo período do ano passado, e aí outras proteínas mais baratas estão tendo uma demanda maior”, disse à reportagem da ANBA o adido agrícola da embaixada do Brasil no Cairo, Cesar Simas Teles, lembrando que as exportações de frango como um todo do Brasil ao Egito cresceram 27% em volume no acumulado de janeiro a junho deste ano sobre iguais meses de 2019.

Teles afirma que, além dessa questão de mercado, houve todo um trabalho do Brasil para a abertura desse nicho. A liberação se deu com a conclusão da negociação de um novo certificado sanitário internacional para a exportação de carne de frango brasileira ao Egito. Os frangos inteiros e em cortes já tinham o certificado para entrar no Egito, mas com a emissão do novo documento, os requisitos para a exportação desses dois itens foram atualizados e foram incluídos novos produtos, como os processados.

“O Brasil já exporta tradicionalmente o frango inteiro para o Egito, só que existe uma política do Ministério da Agricultura de tentar diversificar a pauta de exportação do Brasil”, informa Teles. Segundo ele, já há pedidos do Egito de 1.500 toneladas de carne enlatada do Brasil. O setor de carne bovina do Brasil tem mercado similar em corned-beef, que do começo do ano até junho teve vendas de 1.390 toneladas ao Egito. “Com o frango, a gente começa com pedido de 1.500 toneladas”, afirma.

Teles explica que além da emissão do certificado, para receber os produtos importados o governo egípcio emite licenças de importação, o que os derivados de frango também vão precisar. Para essas 1.500 toneladas iniciais já houve a emissão da licença. O adido agrícola acredita que, como o Egito tem indústrias na área avícola, o Egito tentará balancear esse mercado com as importações e o fornecimento doméstico.

De acordo com o gerente de mercados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Luis Rua, o Egito é um importante comprador de carne de aves in natura e a abertura para os novos produtos de aves reforça a parceria estratégica com o Brasil para o fornecimento de alimentos. “O país detém potencial para incremento das vendas e os produtos aprovados possuem valor agregado que complementam a oferta local, sem que isto seja uma ameaça à produção local”, disse Rua para a ANBA.

Para vender os derivados, o frigorífico deve estar habilitado na exportação de carne de frango ao Egito. Segundo o gerente de mercados da ABPA, nesta fase inicial da abertura os exportadores ainda estão entendendo exatamente quais são as principais demandas e as especificidades dos produtos. “Mas o que é certo é que se abre um espaço interessante para diversificação da pauta exportadora brasileira”, afirma.

O adido Teles acredita que essa maior demanda por produtos de frango no mercado egípcio pode ajudar o Brasil a começar a vender cortes de frango para o país. Essa é uma área onde já existe o certificado sanitário internacional, mas o governo egípcio não tem emitido licenças. Segundo Teles, após a pandemia, a preocupação local com o abastecimento alimentar aumentou e o país tem facilitado a aquisição de alimentos. As negociações foram aceleradas. “Temos esperança até de começar a vender cortes de frango, que é um nicho de mercado importante também”, afirma.

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