Mostra em São Paulo traz fotografia árabe contemporânea
A Câmara de Comércio Árabe Brasileira e o Instituto do Mundo Árabe (IMA), de Paris, promovem a partir de quinta-feira (28) a exposição “Taswir, a fotografia árabe contemporânea”, no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo. A mostra integra as comemorações do 25 de março, Dia da Comunidade Árabe no Brasil, que cai nesta segunda-feira, e celebra ainda os 74 anos da Liga dos Estados Árabes, cujo aniversário é no próprio dia 28.
O presidente da Câmara Árabe, Rubens Hannun, destacou que o evento é resultado de um memorando de entendimentos firmado pela entidade com o IMA e é também a primeira exposição do IMA na América Latina. “Esta é a primeira exposição neste contexto, e o próprio instituto está dando grande importância para isso”, disse Hannun, acrescentando que, na inauguração da mostra, será mostrado um vídeo gravado especialmente para a ocasião pelo presidente da instituição francesa, Jack Lang, ex-ministro da Cultura da França.
“A mostra inaugura nossa parceria com o IMA e nos coloca numa linha de forte promoção da cultura árabe no Brasil, cada vez mais mostrando a contribuição árabe para o mundo por meio da cultura”, ressaltou Hannun. Nesse sentido, ele informou que, depois de São Paulo, a exibição entrará em cartaz em Brasília e, posteriormente, em Porto Alegre.
O executivo declarou também que o evento celebra a parceria da Câmara com a Liga Árabe. De acordo com ele, o embaixador da Liga no Brasil, Quais Shqair, estará presenta na abertura da exposição. “Nossa parceria é bastante importante, nós representamos a Liga comercialmente no Brasil”, afirmou.
Acervo
Vão ser exibidas 78 fotografias feitas por 14 fotógrafos de 12 países. O evento é a reedição de duas exposições realizadas pelo IMA, uma organizada para a segunda Bienal de Fotografia de Paris, em 2017, e outra denominada “Cristãos do Oriente – 2000 anos de história”. “É um recorte de duas exposições”, comentou a diretora Cultural da Câmara Árabe, Silvia Antibas, curadora da mostra.
Ela destacou que o acervo inclui registro das três grandes regiões do Mundo Árabe: Golfo, Oriente Médio e Norte da África. “Há muitas fotos do cotidiano e, nesse sentido, a exposição apresenta uma outra visão do mundo árabe, a da vida no dia a dia”, afirmou.
Esta outra visão se distancia da maneira como a região é tradicionalmente retratada na mídia ocidental. “As imagens diferem daquelas que alimentam as mídias cotidianamente”, declarou Antibas. “Os artistas recuam no tempo e no espaço, se distanciam dos tumultos atuais para fazer um retrato do mundo árabe que também é real em toda sua humanidade, diversidade e complexidade”, acrescentou.
A palavra “taswir”, que dá nome à exposição, significa “o ato de fotografar” em árabe, segundo Antibas. Nessa linha, a mostra destaca a visão particular de cada um dos profissionais participantes, homens e mulheres. “É um olhar de dentro para fora, já que a maioria dos fotógrafos nasceu nos países árabes; mas também no caminho inverso, no caso dos fotógrafos nascidos na Europa, que revela o encantamento com este mundo”, afirmou ela.
A ideia é mostrar um mundo árabe diverso e distante de estereótipos. As imagens escolhidas pela curadora exibem as descobertas de cada um dos fotógrafos e questionam a visão ocidental sobre a região.
Antibas acrescenta que a exposição presta homenagem aos países de origem dos árabes que migraram para o Brasil a partir da segunda metade do século 19, e comemora a contribuição desta comunidade para a sociedade brasileira. A mostra fica em cartaz até 28 de abril.
Confira quem são os fotógrafos participantes:
Ahmad El-Abi. Nasceu no Cairo, Egito, em 1984, onde vive e trabalha. Estou Medicina, mas dedica-se à fotografia conceitual e à direção de arte.
Jaber Al Azmeh. Nascido em Damasco, na Síria, em 1973, onde vive e trabalha. Graduado em Belas Artes, desde 2006 é professor da Universidade Internacional de Ciência e Tecnologia em Damasco.
Roger Grasas. Nasceu em Barcelona, na Espanha, em 1970. Vive e trabalha em Riad, capital da Arábia Saudita. É formado em Fotografia e Filosofia, e mestre em Estética e Teoria da Arte pela Universidade Autônoma de Barcelona (UAB).
Laila Hida. Nascida em Casablanca, no Marrocos, em 1983. Vive e trabalha em Marrakech, também no Marrocos. Autodidata, é fotógrafa desde 2012 e uma das fundadoras do espaço cultural Le 18 Derb El Ferrane, em Marrakech.
Rania Matar. Nascida em Beirute, no Líbano, em 1984. Vive e trabalha nos Estados Unidos. Estudou Arquitetura e Fotografia. Foi premiada com a bolsa Guggenheim em 2018.
Zied Ben Romdhane. Nasceu em Túnis, Tunísia, em 1981, onde vive e trabalha. Começou sua carreira como fotógrafo comercial, mas em 2011 migrou para o documentário e fotojornalismo.
Stephan Zaubitzer. Nasceu em Munique, na Alemanha, em 1966. Vive e trabalha em Paris. Registra cinemas históricos abandonados, em sua maioria da margem Sul do Mediterrâneo.
Tasneem Alsultan. Nascida em Tucson, nos Estados Unidos, em 1985. Vive e trabalha na Arábia Saudita. Criada entre o Reino Unido e a Arábia Saudita, fotografa especialmente para o jornal The New York Times e a revista National Geographic.
Héla Ammar. Nascida em Túnis, em 1969, onde vive e trabalha. Além de artista, é doutora em Direito. É autora do livro “Corridors” (2014) e coautora da pesquisa “Siliana Syndrome” (2013), sobre a pena de morte em seu país.
Mohamed Abusal. Nasceu na Palestina, em 1976. Vive e trabalha em Gaza. Membro fundador de Eltiqa, grupo de artistas em atividade desde 2002.
Lazare Mohamed Djeddaoui. Nasceu em Puteax, França, em 1987. Vive em Paris e trabalha sobretudo no Oriente Médio e Norte da África. Trabalhou para instituições como o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
Tanya Habjouqa. Nascida na Jordânia, em 1975. Vive e trabalha em Jerusalém Oriental. Foi educada nos Estados Unidos. Seu trabalho está em coleções permanentes do Museum of Fine Arts de Boston, do IMA e do Carnegie Museum of Art, em Pittsburgh, nos EUA.
Douraid Souissi. Nasceu em Túnis, em 1970. Vive e trabalha entre a França e a Tunísia. No contexto da Tunísia pós-Primavera Árabe, faz retratos que evocam desprezo social, espiritualidade e o papel das imagens.
Michele Borzoni. Nasceu em Florença, Itália, em 1979, onde vive e trabalha. Formado em Fotojornalismo e Fotografia documental no Centro Internacional de Fotografia de Nova York, de 2011 a 2014 pesquisou comunidades cristãs no Oriente Médio, em países como Egito, Israel, Palestina, Líbano, Iraque, Jordânia e Turquia.
Serviço
Exposição: “Taswir, a fotografia árabe contemporânea”
Abertura: 28 de março, às 20 horas, para convidados
Até 28 de abril de 2019, de terça a domingo, das 11 às 20 horas
Entrada franca
Instituto Tomie Ohtake
Av. Faria Lima, 201, Complexo Aché Cultural
Entrada pela Rua Coropés, 88, Pinheiros, São Paulo, SP
Metrô mais próximo: estação Faria Lima, Linha 4 – Amarela
Tel.: (11) 2245-1900
Site: www.institutotomieohtake.org.br