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Empresárias árabes falam de suas experiências na pandemia

A egípcia Yomna El Sheridy e a saudita Sarah Ayed participaram de webinar promovido pela Câmara Árabe e contaram da adaptação dos negócios à pandemia de covid-19.

Sarah Ayed é diretora de estratégia e membro do Conselho na Câmara de Jeddah, na Arábia Saudita, e Yomna El Sheridy é diretora e CEO da empresa Special Foods e presidente da organização Business Women of Egypt 21, no Egito. Elas participaram nesta quarta-feira (15) de webinar com empresárias brasileiras promovido pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira, no qual também foi lançado o Comitê de Mulheres da instituição e do qual participaram mais de 800 pessoas do Brasil e exterior. Na foto acima, Sarah Ayed.

As executivas contaram suas experiências de adaptação durante esse período de quarentena pelo qual o mundo está passando, o que mudou nos negócios, o trabalho de casa, nas fábricas e no comportamento do consumidor. Yomna afirmou que não podia trabalhar de casa, já que produz azeitonas e precisa ter pessoas em sua fábrica. O período está fazendo com que as pessoas saiam de sua zona de conforto, segundo ela. “As mulheres sempre encontram uma forma de superar problemas”, afirmou.

A egípcia disse que precisou buscar novas maneiras de se conectar com os clientes e manter os negócios funcionando. “No caso da pandemia, nós precisávamos acelerar a digitalização. O projeto de digitalização sempre foi meio que deixado de lado, mas com essa crise nós conseguimos acelerar formas de pagamentos online e a gente não estava tão acostumado com esse sistema. Trabalhamos também com outras plataformas que passassem a permitir que pudéssemos vender para outras regiões do mundo”, disse Yomna.

Reprodução

A empresária egípcia Yomna El Sheridy

Ela conta que criou uma página própria online e que também está trabalhando com outras plataformas como a Amazon, que a ajuda a chegar nos clientes. A empresária disse ainda que conseguiu manter todos os seus funcionários, mas que muitas fábricas no Egito não conseguiram fazer o mesmo. Outra adaptação que ela teve que fazer foi quanto ao mercado.

“Nossa produção era 100% exportada. Tudo que nós produzíamos era sempre para exportação e pela primeira vez nós paramos e falamos, vamos analisar o mercado local. Vamos fazer algo para atender o mercado local, algo diferente”, contou. Ela e seus funcionários precisaram lidar com novos desafios, os clientes locais, entender seus perfis de consumo, trabalhar com esse mercado e encontrar formas de manter a receita e o funcionamento durante a pandemia. “Em termos práticos eu diria que algumas coisas positivas surgiram dessa crise”, afirmou.

Yomna ainda contou sobre outros dois aspectos nos quais teve que realizar mudanças. Um deles foi utilizar diferentes fontes de mídia para ajudar a promover seus produtos. “Outro ponto é que nós começamos a trabalhar online e com isso mais mulheres assumiram posições de liderança”, disse. “Estamos sempre lutando para continuar a sobreviver e para que possamos tirar o melhor dessa crise”, concluiu.

Sarah Ayed

A empresária saudita Sarah Ayed contou que em sua empresa todos estão em home office até pelo menos meio de agosto ou setembro. Ela relembrou que o início da quarentena foi um período difícil para todo mundo. “No começo dessa situação tudo foi muito confuso, as comunidades, as empresas e as pessoas não sabiam o que estava acontecendo. E todos nós acabamos encarando uma quarentena, em diferentes intervalos, a gente teve que ir pra casa, as empresas fecharam”, disse.

Sarah mencionou também o impacto na saúde mental dos trabalhadores e na importância de garantir o bem estar das famílias. “Muitas empresas estavam prontas para ir para o modo virtual, mas o difícil foi as pessoas entrarem nesse clima. Porque não é só trabalhar de casa, é você ter o preparo mental para isso. Com as escolas fechadas, as crianças também foram para casa, junto com os pais. Tivemos que garantir o bem estar das famílias, das equipes, das pessoas, pensando principalmente nos aspectos da saúde com muita responsabilidade relacionado a tudo que faríamos”, disse.

A empresária trabalha na indústria de serviços, na área de comunicação, e contou que lida com pessoas e precisa pensar em tudo isso de um ponto de vista do trabalho e da família. “Em casa, em qualquer lugar do mundo, pelo menos para a nossa empresa, a gente consegue entrar no sistema da empresa, ver o nosso painel e trabalhar”, disse. Mas ela contou que foi preciso levar em consideração a condição dos clientes para garantir que prazos fossem cumpridos, que houvesse flexibilidade e que juntos eles pudessem encarar os desafios trazidos pela pandemia.

Sobre o “novo normal”, Sarah disse que antes de retornar o trabalho ao escritório é preciso pensar em algumas diretrizes. “A gente não pode levar as pessoas de volta para o trabalho se o escritório não estiver pronto. Então nós decidimos que as pessoas não voltarão ao escritório pelo menos até o meio de agosto ou setembro, para nós prepararmos o escritório de acordo com as regulamentações, porque a saúde é muito importante. Além disso, se as pessoas voltarem ao escritório, onde as crianças ficarão? Esse é outro fator para levar em consideração. Para garantir que todo mundo da equipe esteja pronto para voltar e esteja satisfeito, com todas as diretrizes sendo seguidas”, declarou.

Sarah Ayed contou também que o governo da Arábia Saudita ofereceu pacotes de estímulo para empresas, e que ela vinha trabalhando com programas de mentoria global de liderança e programas para empreendedores que foram interrompidos no início da pandemia, e que então começou a trabalhar com sessões virtuais com personalidades de negócios do mundo inteiro fazendo palestras por plataformas como o Instagram. “Então o que mais importa aqui é a adaptação. A gente tem que trabalhar de uma forma eficiente e adaptável para todo mundo”, disse.

A empresária parabenizou a Câmara Árabe pela criação do Comitê de Mulheres “Wahi”, que significa inspiração. “É um nome lindo para um programa realmente admirável. Essa ideia de construir pontes, criar oportunidades e aproximar empresárias do Brasil e do mundo árabe é muito boa. É uma iniciativa que nós queremos ver com mais frequência no futuro”, declarou.

Outras palestras no webinar foram das empresárias brasileiras Natalia Klafke, gerente geral na Radix Engenharia e Software, e Ana Paula Kagueyama, diretora sênior de atendimento global ao cliente e líder de site na Paypal BrasilA conferência teve abertura do presidente da Câmara Árabe, Rubens Hannun, e moderação da gerente comercial da entidade, Daniella Leite.

Também participou a presidente do Comitê de Mulheres da Câmara Árabe, Alessandra Frisso, que é diretora do instituto de pesquisas H2R, associado da instituição. As diretoras do comitê, Claudia Yazigi Haddad, Janine Bezerra de Menezes e Silvia Antibas, deram seu recado em vídeo gravado. Ao final, a CEO da Mobilisa Soluções Tecnológicas, Isabella Gelencsir, e a sócia na High Class Corporate Services de Dubai, Cecilia Bicca, ambas associadas à Câmara Árabe, fizeram perguntas.

Leia outras reportagens sobre o webinar:

Democratização da tecnologia é desafio na Low Touch Economy

A conferência virtual completa pode ser acompanhada abaixo:

Low Touch Economy: Um Novo Jeito de Fazer Negócios

Uploaded by CamaraArabeTV on 2020-07-15.

 

Notícia retirada do site da ANBA.

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