A necessidade de se intensificar linhas marítimas entre Brasil e países árabes do continente africano foi destacada pelo secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Tamer Mansour, em webinar do qual participou nesta quinta-feira (28). A conferência virtual “Vamos fazer negócios” ocorreu como um dos eventos em celebração ao Dia da África, comemorado no dia 25 de maio. O evento foi promovido pela Câmara de Comércio Afro-Brasileira (Afrochamber), Centro Cultural Africano e Embaixada do Egito no Brasil. Também participaram o ex-cônsul comercial do Egito em São Paulo, Mohamed Elkhatib, e o representante da WBCG, Ricardo Laktani.
Entre as oportunidades de explorar mais essas linhas está o fortalecimento da parceria com o Marrocos. “Entendemos a importância de implantar cada dia mais planejamento estratégico. Isso leva a dois projetos que envolvem a África. O primeiro é de linhas marítimas Brasil – países árabes. Gostaria de frisar a importância do Marrocos como parceiro forte para o Brasil. Hoje, Marrocos é o maior exportador de fosfato para o mundo e para o Brasil, que é a base de fertilizantes. E os fertilizantes são a base dos produtos agrícolas que fazem os países árabes serem o segundo maior parceiro de agronegócio do Brasil, atrás apenas da China”, apontou.
Em relação a produtos base para fertilizantes, Ricardo Laktani apontou que falta estabelecer uma conexão maior entre Brasil e povos africanos. “Há uma pequena distância de mar. Existe a necessidade de uma troca. Sabemos que se tratando de Maranhão, tem toda região de Matopiba, que tem necessidade grande de fertilizantes”, declarou, lembrando da região que também inclui os estados do Tocantins, Piauí e Bahia e que podem se beneficiar de mais comércio a partir do porto maranhense.
Outro importante polo na África é o Egito. A nação é a única entre os árabes com acordo de livre-comércio com o Mercosul. “Consideramos alguns países árabes como hub para reexportar produtos brasileiros para o mundo. Um deles é o Egito, que com acordo com o Mercosul, tem oportunidades para negócios de comércio, para desfrutar de zonas francas como a do Canal de Suez e de Alexandria”, considerou, acrescentando também Marrocos, Tunísia e Argélia, como importantes hubs no continente.
Já Mohamed Elkhatib lembrou que geograficamente o Brasil é um país muito próximo à África. “Hoje, há acordo de livre comércio entre 26 países africanos. Isso representa metade deles. Na África tem oportunidades individuais, mas tem muito mais oportunidades como uma área única de comércio”, destacou.
Neste sentido, outro projeto que vem sendo trabalhado pela Câmara Árabe e do qual Mansour falou no webinar é o de segurança alimentar. Este, já é importante base no comércio entre Brasil e países árabes africanos e, possibilita investimentos árabes no agro brasileiro. “Esse é o modelo tradicional, e a Câmara é curadora de projetos importantes neste sentido. E a cereja do bolo é atrair investimentos árabes e tecnologia brasileira, mas com a terra fértil da África. A localização da África é excelente para que os produtos sejam reexportados e trabalhados com valor agregado”, apontou o secretário, que destacou a missão realizada pela ministra da Agricultura, Tereza Cristina, a países como o Egito no ano passado, como um importante avanço.
O secretário afirmou, ainda, que com a crise da covid-19, a Câmara Árabe decidiu encurtar seu planejamento estratégico de 10 para cinco anos. Entre as iniciativas que vêm ganhando força na entidade está o CCAB Lab. O projeto incentivará startups no desenvolvimento de projetos inovadores que envolvam o Brasil e os países árabes.